Monday, October 27, 2008

Story Tellers #4

A minha melhor amiga. Sim, eu já tive uma melhor amiga. Ela era aquela para quem eu telefonava se as coisas não estivessem bem, se quisesse dizer 'olá' ou, simplesmente, quisesse ouvir a voz dela. Era linda. Tínhamos conversas e conversas, falávamos de tudo. De ser adolescentes, de sexo, de sonhos, de esperanças, de desejos, do futuro, do passado, de experiências. Chegávamos a falar 'dos outros'. Era ela que me segurava o braço, que me abraçava quando eu chorava ou quando perdia alguém que me é próximo. Com o tempo, começamos a aperceber-mo-nos de que não existem coisas assim. Passado um tempo, essas pessoas desvanecem-se. Tanto eu como ela. Torna-mo-nos numa espécie de dupla afastada, abismal. Achamos que vamos conseguir tudo, conquistar o nosso mundo e aqueles que nos rodeiam. Até que nos apercebemos que não é assim. Que na vida entram outras coisas, outras prioridades e com o tempo, vamos esquecendo ou o cimento apodera-se das memórias, cola-as.
Hoje.. Precisava dela!

you're my wonderwall*

Sunday, October 26, 2008

Outros blogues..

"Uma pessoa é um mistério, duas, com um abismo pelo meio, uma prodigiosa contradição."

(Tirado daqui)

Story Tellers #3

Despido de medo, nervosismo ou outra qualquer forma de travão, subiu aquela rua, bateu naquela porta e beijou aquela mulher. Tinha acabado de apagar o cigarro, estava a ressacar de saudades dele e não sabia bem como reagir àquela espécie de coragem, emancipação. A língua entrou, saiu e voltou a entrar, numa beijo à película, de uma forma meio babada. Ela parou a loucura momentânea, pensou no que haveria de ser se o outro soubesse e, do nada, começou a chover. Caíam pedaços de água do céu, caíam com violência, queriam espatifar-se no asfalto, empurrar a sujidade da vida das pessoas, trazer uma nova alvorada. Ele não subiu ao 3ºB. Ela não trouxe sapatos para sair para a rua. A porta tornou-se uma barreira e foi fechada suave e delicadamente - não pela situação mas por ser velha e já estar estragada. Alguma coisa se passou naquela noite. Alguma coisa mudou naquelas duas pessoas e na sua maneira de ver uma relação. Ela, mudou a sua atitude face às relações, às pessoas de quem gostava, à vida que vivia. Descobriu que não tinha de ter, apenas, um amor, mas que podia usufruir de vários - não necessariamente de homens, mas era heterossexual. Ele, nunca pensou sentir alguma coisa tão forte, de forma tão insaciável por outra pessoa, por aquela pessoa, aquela mulher ou rapariga, que lhe entrava no corpo, que o consumia, que o deixava sem reacção ou com um relâmpago de espasmos. Nada fazia sentido para a vizinha de cima, já velha e sem muita experiência de vida, observava os acontecimentos daquela ruelazita e aquele, era o mais peculiar da semana de Fevereiro. Ela subiu, acendeu outro cigarro e sentou-se no parapeito da janela, olhou pelo vidro e ficou a apreciar aquela noite, sem dormir, a fumar e a pensar no beijo, na estranha sensação de felicidade e naquele que a proporcionou. Ele, foi a correr pela rua abaixo, escorregou, ficou no chão, sentou-se e deixou-se ficar à chuva, o resto da noite, a pensar "e se..."!

Thursday, October 16, 2008

923 milhões



É o número de pessoas, segundo o jornal da Sic, que passam fome. Que simplesmente, não têm comida, nem recursos para a ter. A crise económica que todos conhecemos, sabemos e estamos minimamente informados, não chega a esse ponto, mas quase parece. Estou a ouvir neste momento o José Rodrigues dos Santos perguntar "como é que as pessoas se podem prevenir legalmente?", isso para mim é de um narcisismo enorme. Claro, as pessoas querem-se proteger e aos seus bens, mas.. Proteger que bens? Os carros? As jóias? Os luxos! As sociedades consumistas fazem-nos viver acima das possibilidades, acima daquilo que imaginamos e podemos. Os portugueses são assim. E quando as coisas apertam, a culpa é dos bancos, a culpa é do Estado, a culpa é do não sei quantos.. As coisas não são iguais e os extremos são cada vez mais isso, extremos. Há quem não possa comprar comida e há quem não possa comprar um país (de forma exagerada, claro). Enfim. São coisas em que penso. Coisas que ultimamente me revoltam e cada vez mais vão revoltar os verdadeiros defensores destas (e outras) causas.

Don't Vote!

E quando não se tem nada para fazer?

Espera-se pelo próximo dia. São 18:29 e estou sentada, com janelas abertas a fazer absolutamente nada. Devia estar a trabalhar. Que cena! Só quero que chegue dia 30.

Monday, October 13, 2008

Moda Lisboa


Começou na quinta mas só fui sábado e domingo. O mundo de gente estranha, onde as aparências contam demasiado. É um ambiente giro, mas a que não me habituava. É uma sensação estranha estar no meio de quem é estranho. Vivem uma espécie de mundo à parte ao qual as pessoas normais não pertencem. Comida, bebida grátis, brindes, revistas, droga.. Quem pode não paga e quem não pode é obrigado a pagar. Bar aberto - um conceito novo para mim - drogas a circular. Cenas maradas! Os desfiles foram giríssimos, as colecções muito boas, a bebida de qualidade e o som.. Podia ser melhor. Foram uns dias agitados, cheios de gente glamorosa, festas malucas e noitadas.

Com isto dito, vou dormir a uma hora decente.

Erupções da literatura #8

O suor era notável, escorria-lhe pelo corpo, nú, despido de tudo. Ali, à sua frente, possuía-a algo mais, algo indescritível, algo de arrepiante. Ele estava ao seu lado, sem roupa, sem preconceitos, sem amor. Antes, tinham-se 'amado' demasiado. O sexo foi bom, muito bom e a separação melhor. As marcas no pescoço dela diziam tudo e o cansaço dele, deixava a imaginação ao relento. Ela tinha-se esforçado: cuequinhas novas, soutien preto, emagrecido. Tudo pré-requisitos para uma noite de paixão arrebatadora. Mas algo de novo aconteceu naquela noite. Ela, suada, molhada do calor, de repente, acordou. Não passava de um sonho com outro homem, com outra vivência, com outra coragem. Não passava de um sonho!

Wednesday, October 8, 2008

Story Tellers #2

Era morena. Cabelos muito longos. Lábios demasiado encarnados. Fumava, mas não bebia. Não tinha família, nem namorado. Só a ela. Era raro estar com amigos ou conhecidos. Era fotógrafa e não queria fazer mais nada da vida. Não tinha luxos, para além do tabaco. Vivia num T0, com mobília simples, não muito escura. Tinha uma única paixão na vida: ela! O apartamento estava coberto de fotos de partes do seu corpo. Rosto, mãos, pernas, lábios, peito, braços. Adorava os seus lábios carnudos, maciços, inchados. Os homens desejavam-na. Assobiavam, insinuavam-se a ela na rua. Indiferente, nem ia atenta, não queria prestar atenção. Pensava muito na morte, mas nunca na sua. Raramente falava porque não tinha com quem falar. Culpa sua. Escolha própria. Mas também gostava da sua voz e entoação. Não tinha sotaques, mas era portuguesa. Reservada e única. Nada se sabia dela. Que segredos esconde, que mentiras impôs, que verdades a magoam. Ninguém se aproximava, ela não deixava. Ao longo do tempo, as pessoas acabavam por desistir. É a ordem natural das coisas. Não viam valor nos olhos inexpressivos. Nada. Em troca recebiam murmúrios, acenos, gestos.Era morena. Cabelos muito longos. Lábios demasiado encarnados.

Tuesday, October 7, 2008

Palavras rasgadas*

Eu não quero viver a minha vida a desconfiar das pessoas, a ser uma pessoa que não sou, a dizer coisas que não são o que eu penso. Não quero passar o próximo ano insatisfeita com aquilo que me está a acontecer e tem vindo a acontecer nestes últimos dois anos de universidade. Quero partilhar experiências universitárias, ter histórias para contar, coisas para lembrar. Não quero ficar de fora daquilo que constitui das partes mais importantes da vida de um estudante. Não quero ter pessoas na minha vida que não se preocupam com aquilo que eu quero, que só querem saber delas e não se preocupam em perguntar a minha opinião. Estou farta de ser alvo de chacota, de só ser chamada quando sou precisa, de não ouvir um telefonema espontâneo, uma campainha inesperada, um(a) amigo(a) a aparecer. Não quero ter de suportar distâncias ou saudades ou estar a fazer sacrifícios que nem quero fazer. Não quero ser uma frustrada, uma palhaça que não vai servir de muito daqui a uns anos. Quero saber que alguém precisa de mim e que alguém espera alguma coisa mais que aquilo que se deve esperar de outro. Que alguém pensa em mim quando se sente em baixo, que alguém me procura quando tem um problema. Gostava de ser o 'refúgio' de um(a) amigo(a) que precise. Não quero ser uma pessoa substituta ou de conveniência, que só se está quando não se tem melhor com que estar ou fazer. Não quero olhar para trás e pensar que devia ter feito isto ou aquilo, apesar de todos termos desses momentos, não os quero constantes. Quero conseguir acreditar que sou mais que aquilo que aparento, que consigo mais que aquilo que faço e quero que os outros acreditem em mim, tenham fé no que faço e digo. Estou farta que me tomem como garantida ou que nem me tomem por nada. Hoje não me sinto bonita, não me sinto bem, nem me sinto feliz. Estou triste, sozinha e em baixo e só desejo livrar-me dos meus pensamentos, das minhas vontades, das minhas expectativas, que hoje, estão reduzidas abaixo de zero. Passo o testemunho do positivismo, do optimismo, do sorriso ao negativismo, vontade de fazer nada e redonda tristeza, com muita lágrima à mistura. Para além do mais passou quase a tarde toda a chover.