Sunday, January 4, 2009

Story Tellers #6

Agora que ando a ler saramago, sinto-me capaz de ser atrevida na escrita e ter um estilo semelhante, mas espero, não copiado, do nobel da literatura. Sem utilizar grande pontuação ou maiúsculas, orienta o leitor numa das mais complicadas tarefas que, eu, encontro na literatura, a compreensão. Consigo perceber tudo o que ele quer dizer e diz de uma forma ágil, despreocupada e muito sábia. Até tenho inveja, se é que me posso atrever e penso que um dia mais tarde, também quero escrever assim e seguir um sonho que tenho desde muito pequena, sonho que não me atrevo a contar. Quero que a escrita flua em mim e me deixe expressar bem e expressivamente aquilo que penso, que crio, que desejo, anseio e quero partilhar. Todos deviamos ter a oportunidade de escrever e bem. Saber exactamente como e o que queremos dizer aos outros, sem que eles comecem a pensar antes de já terem acabado. Conhecer e rodopiar com o alfabeto e o vocabulário mais vasto que o céu, com a língua tão nossa e portuguesa, tão minha, tua, deles, a língua que a alguns soa tão mal, mas acaba por ser a que falamos e nos acompanha em pensamento e fala. Tenho sempre mil e uma ideias para histórias, mas nem sempre as consigo dactilografar ou teclar, por falta de vontade, de letras, até de esforço e da mesma forma, acabo por fazer o mesmo com outros assuntos da minha vida. Esqueço o esforço, a vontade, a dignidade, aquilo que me faz sentir bem, em prole de outro tipo de coisas que, a longo prazo, não são satisfatórias, não me ajudam ou completam, não me fazem sentir genuína ou alegre. Toda a gente gosta de se sentir alegre e bem disposto, com apresso por boas piadas ou histórias, com paciência para os outros e outras, com destreza para se perceber a si próprio e ter noção do que o faz feliz. Eu às vezes consigo ter essa noção na minha cabeça, no meu corpo, na minha mente. Consigo encontrar em mim uma luz perdida, uma fonte de prazer, espécie de orgasmo intelectual, ao oposto do físico. Ajudem-me aqueles que me fazem sentir assim, que conseguem e sabem a essência do que faz despoletar um sorriso, um olhar, um abraço, um beijo, um carinho, uma vontade.

1 comment:

V. said...

Feliz Ano novo, obrigada :)

E porque não seres assim, uma escritora com um estilo inovador?
Eu gosto muito de ler saramago porque me sinto a participar nas histórias que ele conta. Quase me atrevia a dizer que quem "consegue" ler Saramago passa a ficar mais que fã, "fã" até parece depreciativo. Eu acho-o e à escrita dele geniais.

Experimenta e escreve :)

Bjinhos